Local: Aizu Honbu Gakkô

Entrada Franca

16 de agosto a 30 de setembro

PROJETO

A expressão “Ichi-go Ichi-e” (一期一会): pode ser traduzida poeticamente como “uma vez, um encontro” ou “um encontro, uma oportunidade”. Este conceito nos convida a reconhecer a singularidade de cada momento e a apreciar a importância de viver com plena consciência e gratidão. Em um mundo onde frequentemente somos distraídos por inúmeras tarefas e pensamentos, “Ichi go Ichi e” serve como um lembrete para desacelerar e estar presente no “aqui e agora”. Cada interação cotidiana, seja com pessoas, espaços, objetos ou telas, é uma experiência única que nunca poderá ser recriada exatamente da mesma maneira.

Inspirada pela tradição do chá [chanoyu – 茶の湯] e popularizada pelo mestre do chá Sen no Rikyū no século XVI, a exposição aplicará a filosofia “Ichi-go Ichi-e” às artes visuais e performáticas. A cerimônia do chá, com sua ênfase na atenção plena e na apreciação do momento presente, é um cenário perfeito para a aplicação deste princípio. Cada encontro é encarado como uma ocasião singular, nunca a ser repetida de maneira idêntica, independentemente de quantas vezes se realizem ações semelhantes.

O projeto intitulado “Ichi-go Ichi-e: Entre a tela e a espada” compreende a criação de uma série de trabalhos em pintura, instalação e performance artística. Um mergulho criativo onde a arte e a espada, a ancestral tradição cultural e marcial dos samurais japoneses, irão se entrelaçar em harmonia, atravessando importantes conceitos e filosofias que permeiam a prática

Nasce da iniciativa do artista visual independente Rafael Seyki Abdala, praticante graduado (Shoden) do Aizu Muso Ryu – Misawa Ha (Aizu Ryu). Com seu dojô central na cidade de Goiânia, trata-se de um estilo marcial tradicional (koryu budô) que preserva e cultiva diversas artes ancestrais (antecedendo a Restauração Meiji) da cultura samurai japonesa. Lamarso Kenjiro Misawa (“Soke”, grão-mestre e responsável maior pelo estilo) já possui mais de vinte anos dedicada ao ensino aberto do Aizu Muso Ryu no Brasil e cerca de quarenta e oito anos de prática e vivência interrupta no universo do seus ensinamentos cultivados em âmbito familiar por mais de quatro séculos desde o Japão.

Em 2020, foi apresentado a Lamarso Kenjiro sensei uma visão inicial sobre este projeto e, naquele ano, alguns breves estudos práticos. Desde então, se mantiveram uma intensa e imersiva pesquisa teórica e prática.

Com sua pesquisa e produção material, foi amadurecendo as visualizações e propostas para o projeto, reforçando o meu desejo de avançar criativa e colaborativamente. Para tanto, foi preciso dispor de um conjunto de materiais artísticos e outras ferramentas específicas, para explorar técnicas tradicionais e contemporâneas que consigam transmitir a essência e a potência dos gestos e visualidades que iremos criar, a partir de estudos e experimentações de pintura em ação (como na action-painting do expressionismo abstrato).

Para a execução do projeto foram confeccionados instrumentos adaptados para o desenvolvimento da pesquisa, como chassis em grandes formatos, telas, lâminas além do aprofundamento técnico na prática do próprio Aizu Ryu, sobretudo a partir de seus estilos de kenjutsu (剣術 – arte da espada) e do iaijutsu (居術 – arte de sacar a espada) em seus rigores e reverências fundamentais. Durante todo esse processo, a supervisão técnica esteve a cargo de Lamarso Kenjiro Sensei, que irão guiar as atividades de uma segunda etapa, com experimentações criativas, bem como construção de roteiros, planejamentos e a coordenação de imersões de criação e materialização da produção artística prevista no projeto.

O resultado, pode ser agora apreciado na exposição de obras de arte apresentadas na exposição incluirão telas imersivas e abstratas criadas através da execução de cortes com nihonto [日本刀 – a espada japonesa] e a interação do artista com a tela. Cada golpe de espada é único, resultado de uma combinação irrepetível de força, ângulo, velocidade e intenção. A presença plena do artista em cada movimento transforma a criação da arte em uma cerimônia, onde cada corte é um evento singular.

Além da exposição, o Aizu Honbu Gakko oferecerá oficinas alusivas aos objetivos do projeto, proporcionando aos participantes a oportunidade de vivenciar e internalizar a filosofia “Ichi go Ichi e”. Os participantes poderão explorar a interação dinâmica entre o artista e os materiais, desde a escolha das cores até a aplicação das tintas e a manipulação das texturas. Cada ato criativo será uma oportunidade para estar completamente imerso e consciente, enriquecendo tanto a experiência do artista quanto a do observador.

Convidamos todos a se juntarem a nós nesta celebração da singularidade de cada momento e encontro. A exposição “Ichi-go Ichi-e: entre a tela e a espada” no Aizu Honbu Gakko promete ser uma experiência profunda e transformadora, tanto para os criadores quanto para o público. Venha apreciar a beleza e a irrepetibilidade de cada obra e descobrir uma nova profundidade e significado na arte.

BIOGRAFIA DOS ARTISTAS

Rafael Abdala, nascido em 1981, em Goiânia, Goiás, é um artista visual, produtor cultural e pesquisador independente que se destaca no cenário das artes visuais contemporâneas. Sua prática artística abrange performance arte, vídeo e fotografia, com uma forte ênfase na poética do corpo e nos processos coletivos de criação e produção em arte.

Ao longo de sua carreira, Rafael integrou o coletivo Grupo Empreza, do qual fez parte entre 2008 e 2016. Durante esse período, o coletivo foi agraciado com o prestigiado Prêmio Marcantonio Vilaça em 2015, reconhecimento que consolidou sua importância no panorama artístico nacional.

Entre 2016 e 2018, o artista se dedicou ao duo de performance PROTOVOULIA, período em que participou de diversas exposições, festivais, salões e residências artísticas, tanto no Brasil quanto no exterior. Sua capacidade de criar e colaborar com outros artistas resultou em projetos inovadores e impactantes, ampliando suas investigações sobre a performance e a poética do corpo.

Além de sua contribuição como artista, Rafael também se destacou como educador. Em 2014 e 2015, ele foi professor no núcleo de Cursos de Dinâmicas do Pensamento Criativo na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro/RJ. Lá, ministrou cursos e workshops que refletiam suas áreas de pesquisa, influenciando e inspirando uma nova geração de artistas.

Paralelamente à sua carreira nas artes visuais contemporâneas, Rafael iniciou, em 2001, um rigoroso treinamento em práticas tradicionais samurais através do estilo familiar Aizu Muso Ryu. Seu treinamento começou na sede central (Aizu Honbu Gakko), em Goiânia/GO. Ao longo dos anos, veio se dedicando intensamente a essa prática marcial, alcançando o status de aluno graduado, na graduação de Shoden, sendo nomeado samurai, recebendo o budoka namae (nome de guerreiro) Seyki – nome que simboliza suas nobres principais características enquanto praticante.

A obra de Rafael Abdala (Seyki) é uma confluência rica entre as artes visuais contemporâneas e as tradições culturais japonesas. Sua habilidade em transitar entre esses mundos distintos, integrando elementos de performance, vídeo, fotografia e a prática marcial, faz dele um artista singular e multifacetado. Sua trajetória é um testemunho da profunda interseção entre a arte, a cultura e a disciplina, refletindo seu compromisso contínuo com a exploração e a inovação artística.

Bruno Alcântara, nascido em 16 de novembro de 1984, em Goiânia, Goiás, é um artista visual, pesquisador independente de história e cultura japonesa, e instrutor graduado no estilo Aizu Muso Ryu. Sua trajetória artística é marcada por uma profunda interseção entre as artes visuais contemporâneas e a riqueza das tradições culturais e marciais japonesas.

Como artista visual, desenvolve projetos que exploram a relação entre a estética contemporânea e as influências clássicas da arte japonesa. Suas obras frequentemente incorporam elementos da caligrafia japonesa (shodō), da pintura tradicional (nihonga) e das técnicas de impressão (ukiyo-e), mesclando esses estilos com abordagens modernas e inovadoras.

Bruno possui uma graduação de Chuden em Aizu Muso Ryu, um estilo de arte marcial focado na prática do kenjutsu (técnica da espada) e no desenvolvimento espiritual e físico do praticante. Além disso, ele é graduado em Shoden no Mondo Ryu, outro estilo marcial tradicional sediado no Japão. Sua dedicação a essas práticas marciais não só aprimora suas habilidades físicas, mas também enriquece sua compreensão das filosofias e valores japoneses. Razão pela qual após longos anos de treino, dedicação e zelo nos cuidados práticos e simbólicos da arte que guarda e professa, recebeu seu budoka namae (nome de guerreiro): Hogosha.

Na escola Aizu Honbu Gakko, onde a arte do Aizu Muso Ryu é transmitida no Brasil, Bruno Hogosha desempenha um papel crucial como instrutor. Ele auxilia nas aulas presenciais e nos eventos culturais da escola, além de ministrar módulos de aulas online, permitindo que um público mais amplo tenha acesso a essa rica tradição marcial. Sua habilidade em ensinar e sua paixão pelo compartilhamento de conhecimento são evidentes em cada lição que ele conduz.

Desde 2013, Bruno Alcântara Hogosha tem sido uma figura ativa na promoção da cultura japonesa no Brasil. Já participou e auxiliou na realização de eventos organizados pela Embaixada do Japão, bem como em diversos eventos culturais relacionados à cultura japonesa em várias cidades. Sua colaboração nesses eventos incluiu desde demonstrações marciais até exposições de arte, palestras e workshops, sempre buscando aproximar o público brasileiro das tradições e da estética japonesa.

A obra de Bruno Alcântara (Hogosha) reflete uma integração harmoniosa entre as artes visuais contemporâneas e as tradições clássicas do Japão. Sua capacidade de transitar entre esses mundos e de promover uma compreensão mais profunda da cultura japonesa faz dele um artista e educador singular e indispensável.

CONSULTOR TÉCNICO

Kenjiro Lamarso Martins, nascido em 10 de março de 1969, em Goiânia, Goiás, atualmente o Soke de Aizu Muso Ryu – Misawa Ha, guardião do Densho e Kaichô da escola Aizu Hombu Gakko, localizada na cidade de Goiânia, no estado de Goiás. Sua trajetória nas artes marciais teve início ainda na infância, quando acompanhava seu pai, Lázaro Martins (Masato), durante os treinos de Shorin-Ryu, um estilo tradicional de Karate, e posteriormente no Tae-Kwon-Do.

Aos sete anos de idade, Lamarso começou seus estudos no Aizu Muso Ryu ao lado de seu pai, sob a orientação de Noriyoshi Misawa sensei, no Sanrei Dôjo, em Londrina, Brasil. Desde então, ele se dedicou ao treinamento e estudo das formas antigas do estilo, incluindo as formas do Ô Tome Bujutsu, Battojutsu, laijutsu, Suemonogiri, Tantojutsu, Kenjutsu, Kobujutsu, Kyujutsu, Taihojutsu e Yoroi Kumiuchi, entre outras técnicas. Essas práticas foram transmitidas e enriquecidas ao longo das gerações por seus antepassados.

Como representante máximo do estilo, Lamarso Martins é reconhecido no meio marcial pelo seu budoka namae (nome de guerreiro), Kenjiro, junto ao seu sobrenome honorífico, Misawa. Ele alcançou a graduação de Menkyo Kaiden no estilo de Nihon Sogo Bujutsu (artes marciais clássicas japonesas), do qual é memória e patrimônio vivo.

Além de seus 48 anos de treinamento em artes marciais tradicionais, Mestre Kenjiro Misawa possui Diploma Superior em Defesa Operacional Policial (Taiho-Jutsu) e Militar (Tokusho-Kakuto). Ele é frequentemente convidado para conferências de segurança, demonstrações de habilidades táticas e treinamentos operacionais. Em sua destacada carreira, ele tem sido um professor condecorado em várias unidades militares, responsável pela formação de agentes de segurança do governo e pelo treinamento de equipes de polícia tática. Kenjiro sensei é instrutor avançado em CQB (Close Quarters Battle) e CQC (Close Quarters Combat), sendo membro da EMCFA (Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas), EATCST (European Academy for Tactical and Combat Shooting Training) e ISDEI (International Security and Defense Education Institute).

A influência das artes visuais contemporâneas e japonesas clássicas é evidente na prática marcial de Mestre Kenjiro Misawa, que frequentemente incorpora elementos estéticos e filosóficos dessas tradições em seu treinamento e ensino. A arte do Kenjutsu, por exemplo, não apenas reflete técnicas de combate, mas também a precisão e a beleza dos movimentos que podem ser comparados às pinceladas de uma pintura sumi-e. Da mesma forma, os kata marciais que transmite e executa podem ser vistas como uma forma de performance artística, onde cada movimento é uma expressão de disciplina, equilíbrio e harmonia, ecoando os princípios estéticos do ukiyo-e e da caligrafia japonesa.

A vivência e a prática marcial de Mestre Kenjiro Misawa também se alinham com os princípios do código de conduta dos samurais, que valoriza a honra, a coragem e a lealdade. Esses valores são essenciais não apenas no Dojo que administra e mantém vivo o legado de seus antepassados e a memória da cultura samurai, mas também em sua atuação profissional e na formação de novos praticantes, consolidando sua contribuição como um verdadeiro guardião das tradições marciais e culturais japonesas.

CONSULTOR ACADÊMICO E TEXTUAL

Diego A. Moraes Carvalho, nascido em 11 de outubro de 1982 em Goiânia, Goiás iniciou sua jornada nas artes marciais aos cinco anos no dojo do Sensei Hugo Nakamura, praticando Judô e Karatê. Após praticar Tae Kwon Do até a adolescência, retomou as artes marciais orientais na idade adulta, mergulhando no Kung Fu tradicional, particularmente no estilo Tong Long Kwen (louva-deus do norte sete estrelas), sob a supervisão de Sifu Marcelo Gabriel e Sikung Samuel Mendonça

No início da década passada, Diego reiniciou sua trajetória marcial na prática do Aizu Muso Ryu. Seu comprometimento e dedicação resultaram na sua aceitação como Uchi-deshi/Keppan. Durante esse período, alcançou a graduação de Kirikami Shoden e recebeu seu budoka namae (nome guerreiro), Komori – que significa “guardião/protetor da tradição, do que é antigo, ancestral.”

Sua paixão pelas artes marciais também se refletiu em sua carreira acadêmica, com a criação de um projeto de extensão universitária que integrava Filosofia Oriental e Artes Marciais tradicionais nipônicas no Instituto Federal de Goiás e a defesa de seu primeiro doutoramento em 2017. Com uma tese sobre a formação de milícias ultranacionalistas diásporo-nipônicas no contexto do pós-II guerra no Brasil e um Pós-doc em 2020 pela UFG, procurou explorar a história e memória da imigração japonesa no Brasil a partir de uma perspectiva historiográfica, antropológica e psicanalítica.

No decorrer deste período publicou uma série de trabalhos acadêmicos enfocando aspectos culturais, filosóficos e psíquicos prementes ao que se refere à cultura japonesa em geral. No âmbito do Aizu Honbu Gakko, além de seu treinamento específico, dedica-se ao auxílio nas aulas dos estágios iniciais de prática, além de ser responsável pelo arquivo memorial da escola.

Atualmente, Diego Komori (Hakase – Ph.D) é professor universitário, pesquisador, psicanalista teórico-clínico e empreendedor imobiliário. E está em contínua valorização de seu desenvolvimento ético, técnico e espiritual através de suas práticas marciais, que, assim como a paternidade, a sala de aula e o consultório clínico, constantemente ressignificam sua vida.

CONCEITO

Nos primeiros diálogos estabelecidos sobre a concepção e pesquisa deste projeto, ficou evidenciado que o trabalho de determinados artistas poderiam ser importantes referências estética, filosóficas e técnicas para a composição daquilo que nos propomos neste exercício criativo conjunto. Destaque para a série Concepto Spazial de Lucio Fontana – que trouxe propostas e composições muito objetivas e diretas, em direção ao que as primeiras pinturas livres e verticais de Fabiene Verdi e a action painting de Kazuo Shiraga também indicavam, chegando, por fim, ao abstracionismo “zen” de Manabu Mabe e Tomie Ohtake.

Não obstante o conjunto, relevância e influências destas referências, nosso projeto capta em sua elaboração, pesquisa e exercício a espiritualidade estética nipônica. E por esse termo, não nos referimos a uma concepção sacra de arte, mas àquilo que evoca concepções e práticas filosóficas por meio da abstração do tempo presente e do uso de instrumentos de forte amparo simbólico, denotando transcendência. Assim, conjugando tela e espada, o gestual do Kenjutsu (剣術) e a “ação/intenção zen”, procuramos harmonizar o corte e a pintura, espaço/objeto e percepção, vivência!

Nossos diálogos seguem o espírito do oriente. Nossas práticas se guiam pelas tradições samurais. Nossa arte projeta essa fusão em um, a um só instante.

Certa vez, em conversa com meu mestre, Kenjiro Misawa sensei, me disse que um possível encontro entre a minha arte identificada com as práticas contemporânea e as artes samurais poderiam resultar em algo único, sendo melhor experienciado pela expressão Ichi-go Ichi-e (一期一会): “um momento, um encontro”

Para resgatarmos a origem desta expressão, acreditamos tenha seu primeiro significado (d)escrito por volta do século XVI no caderno de um mestre de chá conhecido por Yasuko Kanazawa. A cerimônia do chá é um ritual minucioso que carrega em cada gesto a sutileza e a tradição da cultura japonesa milenar. Portanto, em meio a tantos detalhes, espera-se que o participante esteja atento, imerso e dedicado a vivenciar esse momento que será único e jamais se repetirá, pois tudo e todos ali presentes estão em permanente e constante mudança.

Transpondo para o nosso trabalho, esse conceito nos conclama ao reconhecimento da unicidade de cada encontro e a valorizar a importância de se viver com plena atenção e gratidão por cada instante que não mais retorna – tal qual uma flecha atirada ao vento (ou uma espada desembainhada em direção ao seu alvo). “Ichi go Ichi e” funciona como um lembrete para reduzir o ritmo e estar presente no “aqui e agora”. Cada interação diária, seja com pessoas, ambientes, objetos ou telas, é uma vivência única que nunca mais poderá ser reproduzida exatamente da mesma forma, assim como “(…) não se pode banhar duas vezes no mesmo rio”, como certa feita fora dito nas terras antigas do sol poente.

Desta forma, as obras compostas para essa exposição obedeceram a esse princípio em sua abstração primeira, elaboração/pesquisa e execução. Todas elas se constituem de telas imersivas e abstratas criadas através da execução de cortes com nihonto (日本刀) – a espada japonesa] e a interação do artista com a tela. Cada golpe de espada é único, resultado de uma combinação irrepetível de força, ângulo, velocidade e intenção. A presença plena do artista em cada movimento transforma a criação da arte em uma cerimônia, onde cada corte é um evento singular.

OBRAS

Algumas das mais de 10 obras apresentadas

Obra sem Sem título n. 7 da exposição Ichi-go Ichi-e. Sem título, acrílica, cinzas e corte de espada sobre papel 680g, montado em moldura caixa e fixação por irmãs, 92 X 122 cm, 2024
Sem título, acrílica, cinzas e corte de espada sobre papel 680g, montado em moldura caixa e fixação por irmãs, 92 X 122 cm, 2024
Obra sem Sem título n. 8 da exposição Ichi-go Ichi-e. Sem título, acrílica, tinta PVA e corte de espada sobre papel 680g, sisal, borracha e imãs. 122 x 92 cm. 2024
Sem título, acrílica, tinta PVA e corte de espada sobre papel 680g, sisal, borracha e imãs. 122 x 92 cm. 2024
Obra sem Sem título n. 4 da exposição Ichi-go Ichi-e. Sem título, acrílica, cinzas e cortes de espada sobre papel 680g, , montado em moldura caixa e fixação por irmãs, 122 x 92 cm, 2024
Sem título, acrílica, cinzas e cortes de espada sobre papel 680g, , montado em moldura caixa e fixação por irmãs, 122 x 92 cm, 2024
Obra sem título n. 9 da exposição. Sem título, acrílica, cinzas e corte de espada sobre papel 480g, montado em moldura caixa e fixação por irmãs, 92 X 122 cm, 2024
Sem título, acrílica, cinzas e corte de espada sobre papel 480g, montado em moldura caixa e fixação por irmãs, 92 X 122 cm, 2024
Obra sem Sem título n. 5 da exposição Ichi-go Ichi-e. Sem título, tinta esmalte e cortes de espada sobre canvas com fundo em acrílica sobre papel 480g, 52 x 42 cm, 2024
Sem título, tinta esmalte e cortes de espada sobre canvas com fundo em acrílica sobre papel 480g, 52 x 42 cm, 2024
Obra sem título n. 12 da exposição Ichi-e Ichi-go. Sem título, acrílica e cortes de espada sobre canvas com fundo em acrílica sobre papel 480g, 52 x 42 cm, 2024
Sem título, acrílica e cortes de espada sobre canvas com fundo em acrílica sobre papel 480g, 52 x 42 cm, 2024

AÇÃO EDUCATIVA: “ichigo, ichie (一期一会): entre a tela e a espada”

“Ichigo, Ichie (一期一会): entre a tela e a espada” é mais do que uma simples exposição de arte, é um convite para uma experiência estética e filosófica profunda, que busca conectar o passado e o presente, o gestual do Kenjutsu (剣術) e a ação/intenção zen. Por meio de ações educativas, esperamos proporcionar aos participantes e ao público em geral uma oportunidade única de imersão, aprendizado e reflexão sobre a interação entre arte, filosofia e práticas tradicionais japonesas.

As ações educativas, portanto, buscarão explorar a fusão entre arte contemporânea, práticas samurais e a espiritualidade estética nipônica, promovendo um diálogo profundo entre diferentes expressões artísticas e filosóficas. Neste contexto, destacamos duas atividades principais que serão realizadas como parte integrante do projeto: Uma mesa redonda levará o nome do próprio projeto, “Ichigo, Ichie (一期一会): entre a tela e a espada”, e contará com a participação dos artistas Bruno Hogosha e Rafael Seyki, juntamente com o consultor técnico Lamarso Kenjiro sensei e o consultor acadêmico Diego Komori Hakase (Ph.d). Neste encontro, serão expostos conceitos e vivências relacionados à prática marcial samurai, seu uso como expressão artística e a produção artística resultante, além do manejo dos conceitos associados a essas práticas. Será um espaço para a troca de ideias, experiências e reflexões profundas sobre a interseção entre arte, filosofia e práticas tradicionais.

Como segunda atividade educativa, será realizado um workshop em que todos os participantes serão convidados a uma prática imersiva na arte da espada, explorando os gestos, movimentos e posturas característicos do Kenjutsu. Mediado pelos conceitos filosóficos que compõem o Ichi-go Ichi-e (一期一会), os participantes terão a oportunidade de vivenciar na prática a harmonia entre corte e pintura, espaço/objeto e percepção. Será um momento de aprendizado, experimentação e conexão com a essência das práticas samurais e a espiritualidade estética nipônica.

FICHA TÉCNICA

Produção Geral
Direção Artistica | Rafael Abdala

Assistente de Produção
Co-criação Artística | Bruno Alcântara

Consultor Técnico | Kenjiro Misawa

Programador Visual | Alex Sapiência

Comunicação | IDF Mkt Digital

Captação e Edição | Victor Galvão e Lucas Curado

Projeto Expográco | Gero Tavares

Consultor Acadêmico e Produção Textual | Diego Avelino de Moraes

Montagem | Rafael Abdala, Bruno Alcântara e
Victor Galvão

Apoio Cultural | Aizu Honbu Gakko

LOCAL DA EXPOSIÇÃO

Aizu Honbu Gakkô – Dojô sede
Endereço: Rua C-53 com, Av. C-12, 56 – St. Sudoeste, Goiânia – GO, 74305-320

16 de agosto a 30 de setembro

Horário de funcionamento:
Quarta-feira à domingo
10h a 18h